Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

terça-feira, 30 de março de 2010

Segredo da passagem


O silêncio absoluto, a ausência de pensamentos. Meditação.
Procurando entre as ruas, em cada canto, tentando enxergar mais além da escuridão. Onde os olhos não alcançam mais. Nem mesmo os pensamentos.
Pensar, tentar, criar, fazer, aceitar, largar.
Quando a vida força a barra, quando te obriga a deixar de ser você mesmo. O que você faz? Pra onde você corre? De quem você se esconde?
Vai. Não pense tanto. Siga. Pra onde você encontrar um pouco de paz.
Ou toda a paz que quiser.
Procurando a liberdade dentro de um cofre repleto de passagens. Para todos os destinos de sua imaginação.
A encontrando dentro de um espelho mágico, com infinitas possibilidades às avessas.
Silêncio.

terça-feira, 23 de março de 2010

Asas pra voar


Mente cansada, corpo pesado, muito sono.
O ar carregado entra com dificuldade em meus pulmões, me sufocando aos poucos.
As noites parecem curtas tamanho meu cansaço. O barulho durante o dia só é mais um agente enlouquecedor e bloqueador das minha idéias criativas.
Morta viva, é assim que estou.

Qualquer imbecil sabe que estes sintomas físicos são sinais de depressão. É isso o que acontece quando uma pessoa livre é aprisionada dentro de regras estúpidas e sem razão de ser, quando se cortam as asas gigantescas de um ser que só sabe voar.

Me prender numa sala que não é minha, me deixar sem função alguma durante o dia e esperar que um milagre ocorra na empresa.
Enquanto isso eu morro.
De tédio.
De raiva.
De tristeza.
De vontade.
De asfixia.

Preciso voar.

domingo, 21 de março de 2010

Terezinha de Jesus

Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiram três cavalheiros
Todos chapéu na mão.

O primeiro foi seu pai,
O segundo seu irmão,
O terceiro foi aquele
Que a Tereza deu a mão.

Terezinha levantou-se
Levantou-se lá do chão
E, sorrindo, disse ao noivo:
Eu te dou meu coração.

Tanta laranja madura,
Tanto limão pelo chão.
Tanto sangue derramado
Dentro do meu coração.

Da laranja quero um gomo,
Do limão quero um pedaço,
Do menino mais bonito
Quero um beijo e um abraço.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Austregésilo Carrano Bueno


O livro "Cantos dos Malditos" conta a história real de um garoto de 17 anos que é internado em um manicômio após seu pai encontrar maconha no bolso do filho.
Ele passou cerca de três anos internado, tomando remédios fortíssimos e eletrochoques. Uma infinidade deles.
Isso aconteceu na década de 70 e a história de Austregésilo Carrano Bueno.
O conheci em 94. Conversávamos longamente e tomávamos umas cervejas. Faz tanto tempo.
Ontem passei em frente ao Bar Opção. E como sempre, lembrei da voz dizendo:
- Pôoa gata!
Ele era engraçado, calmo e sempre tinha muito o que contar.
Fiquei muito feliz quando, tempos mais tarde, o filme "Bicho de sete cabeças" foi lançado. Ele foi imortalizado e sua luta contra os manicômios jamais será silenciada.
Saudade.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Diário de uma pessoa inteligente excluída do mundo digital


Mais um dia estúpido cumprindo horário. As horas demoram a passar porque praticamente todos os sites que me aproximavam das novidades e de novas idéias estão bloqueados. Não tenho acesso nem aos meus blogs, mas isso não me impede de seguir escrevendo e postando da minha casa tudo que penso.
Se você está se perguntando: - Mas porque ela quer navegar tanto no trabalho? - eu respondo!
Já não tenho função alguma para desenvolver, estou na famosa "geladeira" porque não sabem o que fazer comigo (demissão não seria a atitude mais profissional??? Óbvio que sim!). Já não tenho ânimo nem pra sair da minha cama de manhã (sim, depressão!) afinal, sei que passarei horas improdutivas e banais. Não quero receber um salário para não fazer nada. Não sou esse tipo de profissional, e também não investi meu dinheiro com uma pós graduação para ficar engessada.
Dia 15, o meio do mês. Uma péssima data para fechar "minhas contas".
Para piorar, muitas pessoas estão se sentindo afrontadas com o meu retorno forçado ao famigerado call center. Mentes pequenas não conseguem entender que não sou ameaça alguma, estamos na mesma situação desagradável. Virar a cara, fazer piadinha, falar babozeiras, está é o singelo tratamento que estou recebendo por estes grandes profissionais.
O que quero para minha vida é muito mais que toda essa palhaçada na qual me vejo momentâneamente. E é exatamente por isso que garanto: Não sou ameaça à vocês! Se há uma única coisa boa em todo esse desespero no qual me encontro, é conseguir encontrar a certeza do que quero para mim.
E quanto à exclusão digital que passo neste momento, reafirmo: Enquanto houver papel e caneta, seguirei repassando minhas intermináveis idéias, relatando o que eu bem entender e dizendo à todos que a vida é muito mais do que os metros que temos diante de nossos olhos.
A minha vida é.

Agora vou pegar meu celular e enviar um post no Twitter. Nada como a tecnologia, não é? Bloquear meu celular eles não conseguem! Hahaha
A inteligência sempre vence no final. Sempre.
Fui!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Presença inútil


Hoje foi um dia ridiculamente vivido. Estar de corpo presente para esperar trabalho é uma coisa tão repugnante e sem sentido que chega a ser enlouquecedor.
Entendo as pessoas questionarem o motivo da minha presença, mas não sei explicar a falta de ter o que fazer.
É humilhante essa situação. Uma pessoa estuda, se dedica, se arrisca pra ficar no ócio? Eu não.
Mais uma vez terei que mostrar o quão prática uma pessoa deve ser. Não me venha dizer que é coisa de aquariano rebelde, talvez de um aquariano que vê além de seu tempo. Sempre à frente.
Além disso, uma pessoa com sede de conhecimento ser privada de informação na internet é algo aterrador. Vivi a exclusão digital. Nada de blog (com meus pensamentos), nada de twitter, etc
Impotente, essa é a palavra.
Estou vivendo dias surreais e não estou gostando nada disso. Mudar. Me transformar a partir do caos, é isso que estou tentando fazer.

Nunca te olvides:Iazul! Iazul!

terça-feira, 9 de março de 2010

Criada a Primeira Delegacia de Proteção aos Animais de São Paulo.


Há cerca de 5 anos, uma vizinha se divertia ao jogar bombinhas no cachorro da minha avó. Além de se assustar com o barulho, ele foi queimado diversas vezes.
Até que fiz o comunicado: se ela fizer outra vez farei um B.O.
E ela fez. Claro que minha vontade era dar uns bons tapas nessa vizinha, mas decidi ir até a delegacia mais próxima.
Quando disse ao delegado que queria registrar a ocorrência, ele riu de mim e disse que não faria. Só após muita insistência da minha mãe ele registrou.

É com grande alegria que repasso esta notícia: em Campinas, foi inaugurada a Primeira Delegacia de Proteção aos Animais de São Paulo.

Uma conquista muito importante para todos que, assim como eu, já enfrentaram dificuldade ao tentar fazer um Boletim de ocorrência devido a maus tratos aos animais.

Espero que a cada dia, todos possam entender e agir em prol de vidas inocentes e tão maltradas por nós, os seres "RACIONAIS".
Mais informações no site da Luisa Mell http://luisa.mell.blog.uol.com.br/arch2010-03-07_2010-03-13.html

BJS, Thais Petranski

domingo, 7 de março de 2010

Uma tarde em Coyoacán


Hoje, depois de muitos dias cinzentos, finalmente o céu se abriu em um lindo azul.
As maritacas voltaram a tagarelar, trazidas pelo vento quente desta tarde de verão.
Os domingos em Coyoacán são sempre iguais: lindos e inesquecíveis. As pessoas estão sempre vivendo seus passos por entre as ruas, calmamente. Tomam sorvetes, ficam na praça observando a vida acontecer. Coyoacán é um lugar secreto e feliz, onde os sonhos se realizam. Eu seria capaz de caminhar para sempre, me perdendo e me encontrando em cada uma destas suas ruas.
Além de tudo que é possível ver por aqui, há algo que não consigo explicar e que torna este lugar tão especial. É um brilho que não consegui perceber em nenhum outro lugar em que estive. É magia. Não tem outra explicação.
Só pode ser mágica ter uma tarde em Coyoacán estando em São Paulo e me sentindo tão perto de todo aquele mundo especial.