Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sempre estará em Tepoztlán


Ontem, no 49 dia de sua transcendência, seus amigos fizeram o que Chavela Vargas pediu: que suas cinzas fossem espalhadas no monte Chalchi, bem em frente a Casa de Cristal. Em meio a pétalas brancas, incenso e alegria ela voltou a voar. :)

Fico feliz por saber desta linda despedida, ou melhor dizendo, desse regresso a Tepoztlán.

domingo, 23 de setembro de 2012

O primeiro 49 dia



O budismo acredita que tudo no universo, tudo o que ocorre nele, é parte de um imenso tecido vivo de interconexões. A energia vibrante que chamamos VIDA e que flui por todo o universo não tem princípio nem fim. A vida é um processo contínuo e dinâmico de mudanças. A morte é só o início de uma outra vida. A dor da partida dos seres queridos é um dos sofrimentos inevitáveis da vida.
A impermanência da vida é um acontecimento do qual não podemos escapar. Uma coisa é saber a teoria, mas cada momento de nossa vida pode ser o último, e é muito mais difícil viver e agir baseados nesta crença.
Muitos de nós tendem a imaginar que sempre haverá outra oportunidades de nos encontrarmos e de falarmos com nossos amigos e parentes, de maneira que não importa se ficou algo a ser dito.
Do ponto de vista budista, os vínculos que unem as pessoas não são apenas desta existência. Como os que já se foram vivem dentro de nós de alguma maneira, nossa felicidade é compartilhada de forma natural com eles.
O mais importante para nós que estamos vivos agora, é viver com esperança e nos esforçarmos para sermos felizes, buscando nossa própria iluminação através do nosso esforço individual ( a chamada Revolução Humana).
É uma verdade que não podemos evitar: experimentar a tristeza de uma separação.
Hoje é primeiro dos 49 dias da transcendência de minha Lindíssima Chavela Vargas. Com isso, como cremos os budistas, ela está pronta para renascer. Sim, é difícil compreender, principalmente quando a sentimos tão perto de tudo. Sua energia está em todos os lados, hoje e sempre. Essa é a magia da vida.
Chavelita linda sempre te amarei.
:)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é


"Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário,perdemos a alegria e o sentido 
das outras etapas que precisamos viver. 
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, não importa o nome que damos.O que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. 
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã...Todos estarão encerrando capítulos, 
virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. 
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. 
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. 
As coisas passam e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. 
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. 
Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas. Portanto, às vezes ganhamos e às vezes perdemos. 
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. 
Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando e nada mais. 
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, 
promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". 
Antes de começar um capítulo novo é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. 
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa... Nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. 
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. 
Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba.
Mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. 
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. 

Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é."

Paulo Coelho