Alguns desejam não depender de ninguém para viver. Muito justo levar uma vida só sua. Trabalhar para satisfazer o ego e receber um salário que permita viver dignamente, sem haver a necessidade de somar mais uma renda.
Ter uma horta para não precisar comprar temperos e verduras na feira, muito mais saudáveis sem aquela quantidade exorbitante de agrotóxicos! Tudo muito natural. À noitinha, publicam em todas as redes sociais o orgulho por serem tão auto-suficiente.
Pera lá! Não existe ainda ser humano que brote em árvore e já nasça (que conjugação de verbo!) pronto para desbravar o mundo. Para alguns, seria interessantíssima uma vida tão...tão dona de si mesma.
Em poucos momentos tive essa vontade. Viver numa árvore poderia ser divertido, se me esquecesse dos mosquitos, do desconforto dos galhos. Mas, se lá vivesse, como iria pintar, desenhar e escrever? Com gravetos! É uma opção. Com tinta natural de alguma fruta. Hum... mas esse era o meu jantar! Na prática a idéia não é nada interessante.
Nada como a realidade de hoje. Ter a liberdade de caminhar por uma rua projetada e construída por tantas pessoas, com minha roupa feita à mão por uma senhora, comprada na loja de sua família. Parando nos semáforos fabricados por mais tantas pessoas, tendo o cuidado de não me deixar atropelar por uma carro daquela fábrica imensa...
Pessoas e mais pessoas responsáveis por cada pequeno detalhe construído ao nosso redor.
Poder entre na papelaria e comprar papéis coloridos de diferentes espessuras, pastel seco e até uma caixa de aquarela só é possível através do trabalho de muitas pessoas, cada uma responsável por cada diferente produto. Comunidade e sociedade. O que somos e fazemos está sempre interligado e diretamente dependente do trabalho de outrem. Sozinhos não fazemos nada. Que bom!
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