Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

domingo, 10 de maio de 2015

Caverna dos sonhos esquecidos (Cave of forgotten dreams)



Acabo de ver o documentário Caverna dos sonhos esquecidos, sobre a descoberta das mais antigas expressões artísticas da humanidade, com cerca de 32 mil anos.
Lindas e delicadas pinturas rupestres, que se mantiveram absolutamente preservadas na Caverna de Chauvet, no sul da França.
Emociona pela delicadeza, pela fidelidade à anatomia animal e pela dificuldade em se trabalhar em uma superfice tão irregular.
O que pensavam estes homens que decoraram as paredes da caverna? Como a memória humana pode ter sido tão expressiva ao permitir tamanha realidade nos traços?
Cristas, estalagmites gigantescas, marcas de unhas de ursos, tudo em perfeita harmonia com a caverna, que é uma perfeita cápsula do tempo.
As expressões artísticas mais  antigas da humanidade...
A arte é o que permanece. Sempre.
A memória é um registro fotográfico mental, ou um breve filme, que permite voltarmos no tempo.
Tantas vezes marginalizada e desvalorizada, a arte é o detalhe, é a magia dos humanos.
Quem tiver interesse nesse texto, e que termine de lê-lo, sugiro que sempre que se depararem com uma expressão artística, tentem imaginar a história de quem a criou, como ela foi feita, o que ele precisava externalizar.

Talvez ninguém leia este texto, assim como outros tanto que escrevi, e talvez ninguém se importe com nada que eu possa criar, seja com tinta ou com feltro e agulhas. Talvez ninguém dê valor, mas é algo que eu, assim como os humanos de 32 mil anos da caverna, tenha que expressar. É mais forte que qualquer outra coisa.
Dando valor ou não. Comprando e vendendo arte/artesanato ou não, sempre sobreviveremos em nossas criações. São estes os nossos filhos. Esse é o nosso legado.

Feliz dia das mães a todos os artistas incompreendidos e não valorizados do mundo!