Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

quarta-feira, 28 de março de 2012

Ser mãe de gatos é padecer nas clínicas veterinárias

Pra começo de conversa, gato não é traiçoeiro. Essa história de que gato não reconhece dono e não se apega é balela (essa palavra não é do meu tempo). Aqui em casa, somos mães de sete bons felinos com personalidades e manias bem diferentes. Divididos em duas famílias, pais e um casal de filhos que se odeiam, e mãe e um casal de filhos que se amam loucamente, vivem no térreo e no primeiro andar do sobrado para que não haja briga. Nestes últimos anos foram pouquíssimos os combates para o MMAs felino.
Mesmo na meia idade e comendo ração sênior, parecem estar no auge da disposição. Isso não inclui o obeso mórbido do Arthur, o mais novo de todos, que tem sete anos e sete quilos (isso na última pesagem). Preguiçoso, desleixado, troncho e metido a fortão só se exercita quando cisma com seus parentes, aí é corrida e mordida pra todo lado. É a brincadeira dele: encher o saco castrado de todos.
Nessas últimas semanas fomos ao veterinário diariamente cuidar do gato mais velho, o siamês falante. Muitos exames, injeções, soro e arranhões até a endoscopia ser feita. Úlceras, gastrite e pólipos deixaram nosso velhinho rabugento sem comer por mais de uma semana. Entre uma ida e outra, a irmã magrelinha do Arthur apareceu com um corte na pata e o meu gato cinza foi nocauteado pelo obeso. A briga foi tão feia que até a cachorra se meteu. Até unha fincada na cabeça do meu Garfield viciado em batata palha eu achei. Fiquei rouca de tanto gritar, com o rodo nas mãos tentando apartar a briga. Dias depois encontrei o cinza com cara de personagem do filme avatar, já que a distância entre os olhos havia aumentado devido a um imenso inchaço. Já deixamos bem claro que a cota com o veterinário acabou e que ninguém mais arrume briga! Óbvio que não os deixaremos doentes, mas é só pra eles se assustarem e não aparecerem com mais nenhum machucado. Enquanto isso, minhas mãos mumificadas, devido aos curativos diários depois de tantas mordidas e arranhões na hora dos remédios, tentam descansar e digitar um pouco, no silêncio da tarde, que é a hora do sono mais pesado dos meus filhos.  Assim é nossa vida de mãe: correndo pro veterinário, separando briga, trocando a comida até eles aceitarem comer de bom grato e vê-los dormindo tão saudáveis. Que hora mais especial essa, a do sono dos meus felinos!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Não avançar é o mesmo que retroceder

“Quando não há desafio, não se rompem limites e tendemos a permanecer na mesma condição. Para muitos, talvez, não haveria problema permanecer da mesma maneira — pode ser até que esteja bem assim.
Porém, não avançar é o mesmo que retroceder”. Daisaku Ikeda

Palavras, para todas as pessoas, mesmo que se sintam cansadas, inertes e inúteis. Diversas vezes o desafio externo não existe, então, é preciso se desafiar: você com você mesmo. É uma guerra ganha, isso é claro, se você não desistir. É possível que tenhamos medo de vencer a nós mesmos, por isso, tantas vezes paramos no meio do caminho. Covardia ou desânimo? A única saída é seguir em frente, mesmo que neste momento tudo pareça congelado. Esperar a poeira baixar para continuar, é ter paciência e a certeza de que será duplamente vencedor. Mas, nos acostumamos a mudar de idéia sempre, deixando um rastro de tarefas inacabadas, sonhos pela metade e planos rasgados, e nos contentamos imaginando como seria ter tido. Confuso, mas real. E o pior... comum. Se já cansou de tudo isso, pense em bons exemplos e pessoas inspiradoras. Ídolo, mestre, guru, chame como quiser, desde que consiga ver com outros olhos o que já nem percebia. Mudar a tática, ter fé e estudar a situação, para que avance sempre na vida. Evoluir não é tão simples como retroceder, mas é recompensador. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Nosso tempo, perda de tempo?

No futuro seremos conhecidos como a geração X, Y, Z, ou apenas como o povo do tempo da escuridão? No caso, a escuridão intencional dos olhos.  A cegueira de uma geração que possuía inúmeros recursos para evoluir, para desenvolver talentos, fazer grandes descobertas, mas que optou por banalizar até a facilidade que a tecnologia oferece.
A grande rede é usada para unir mentes perversas, psicopatas, pedófilas, preconceituosas. É mais fácil ter acesso a imagens criminosas do que denunciá-las. Conseguimos fazer denúncias para sites de comunicação, enquanto o das autoridades responsáveis pede para ligar pro disque denúncia. Não era uma denúncia anônima mesmo assim não consegui fazê-la. Campanhas contra a pedofilia nas redes sociais, na TV, e quando me deparei com um conteúdo criminoso desses, não consegui enviar para quem deveria caçar tais elementos que disponibilizam e replicam imagens desse tipo. Consegui alertar o Google e o UOL, nada mais.
É assim que seremos chamados: os cegos por opção, que preferem arrancar os próprios olhos a tentar melhorar o lugar onde vivem. Vivemos. No mundo do não envolvimento, onde tudo foi banalizado há tempos. Amor é babaquice, sexo é self-service e valores são só os monetários.
Até mesmo o humor do país, que é a bola da vez, faz piada estúpida com conteúdo criminoso ou tem gente que acha que ...”comer mãe e filho” é algo engraçado? Peraí, que lugar é esse?
Existe limite para tudo sim. E abominar certas frases e cenas não é censura, é ter o mínimo de discernimento. Longe de mim ser moralista, mas quem abre espaço para seres abomináveis, incita sim a violência.
Talvez eu faça parte de uma espécie rara, que ainda acredita no poder do bem, e que pretende ser lembrada por ter feito algo útil e proveitoso para a humanidade. Mesmo tendo vivido na época da cegueira opcional.

domingo, 11 de março de 2012

Papelaria

Alguns desejam não depender de ninguém para viver. Muito justo levar uma vida só sua. Trabalhar para satisfazer o ego e receber um salário que permita viver dignamente, sem haver a necessidade de somar mais uma renda. 
Ter uma horta para não precisar comprar temperos e verduras na feira, muito mais saudáveis sem aquela quantidade exorbitante de agrotóxicos! Tudo muito natural. À noitinha, publicam em todas as redes sociais o orgulho por serem tão auto-suficiente.
Pera lá! Não existe ainda ser humano que brote em árvore e já nasça (que conjugação de verbo!) pronto para desbravar o mundo. Para alguns, seria interessantíssima uma vida tão...tão dona de si mesma.
Em poucos momentos tive essa vontade. Viver numa árvore poderia ser divertido, se me esquecesse dos mosquitos, do desconforto dos galhos. Mas, se lá vivesse, como iria pintar, desenhar e escrever? Com gravetos! É uma opção. Com tinta natural de alguma fruta. Hum... mas esse era o meu jantar! Na prática a idéia não é nada interessante.
Nada como a realidade de hoje. Ter a liberdade de caminhar por uma rua projetada e construída por tantas pessoas, com minha roupa feita à mão por uma senhora, comprada na loja de sua família. Parando nos semáforos fabricados por mais tantas pessoas, tendo o cuidado de não me deixar atropelar por uma carro daquela fábrica imensa...
Pessoas e mais pessoas responsáveis por cada pequeno detalhe construído ao nosso redor.
Poder entre na papelaria e comprar papéis coloridos de diferentes espessuras, pastel seco e até uma caixa de aquarela só é possível através do trabalho de muitas pessoas, cada uma responsável por cada diferente produto. Comunidade e sociedade. O que somos e fazemos está sempre interligado e diretamente dependente do trabalho de outrem. Sozinhos não fazemos nada. Que bom!