Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

sábado, 5 de junho de 2010

O jardim


Sábado a noite, muito frio, ouvindo Steve Vai e esperando que tudo tome um rumo certo. Um caminho verdadeiro, com pessoas reais. Mesmo sentindo que minha vida tem uma ordem diferente. Espero. Más notícias chegam, outras se calam.
O inverno é assim, quase vazio. Sorte que quem está no verão, vivendo dias calorosos, às vezes sufocantes. Plantei minhas sementes de Cempazutchil hoje para que me tragam em alguns meses "El día de los muertos", ao menos uma lembrança dele. Regando aos poucos a semente que brotará. A flor que vem. A flor que vai.
Visitar o sol como a pouco visitei. As folhas hoje caem aqui. O inverno da erva daninha é muitas vezes o verão do jardim das rosas. Tudo tem seu exato lugar na terra, sobrevive o que tiver melhores condições de vida, o que for regado com amor. É por isso que a erva daninha tem vida curta, porque nunca é querida. Algumas pessoas ficam com pena de arrancá-la de uma vez da terra, mas querem saber de um segredo? O melhor meio de lutar contra as ervas daninhas é privá-las de luz solar e de espaço.
Nada como um inverno sem sol...
Eu nunca entendi o porquê de algumas espécies serem amadas e outras odiadas. A vida não deveria ser de igual importância? Ah! Talvez seja o direito adquirido do espaço de quem antes chegou. Olhando desse ponto de vista, tudo parece ter um pouco mais de sentido.
Que cada um cultive seu próprio jardim, florido ou não, mas só seu.

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