Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

domingo, 17 de março de 2013

Palavras mudas



Presas na garganta, ou perdidas no espaço, as palavras mudas se tornam presentes quando mais precisamos ouvi-las. Difícil entender a força que as impede de soar e ressoar. Incompreensível podemos dizer. O que pode ser mais grave que o silêncio absoluto? A inércia absoluta? A mentira criada ou a verdade não dita?
   Nada. Nada é pior que o silêncio.
   Mesmo quando as mais variadas oportunidades são dadas, a palavra insiste em calar-se. Imóvel, paralisa o tempo, as esperanças e todo o encanto de se poder discutir qualquer assunto. Imaturas e covardes palavras não ditas, que apagam momentos e dias de verão, que matam as flores e sufocam os pensamentos.
   Palavras medrosas e covardes que permanecem no vácuo cinzento, presas  às correntes da miséria egoísta das verdades não ditas.
   Comunicação covarde.



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