Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Protetores protegidos


"Certo dia, depois de uma ressaca, milhares de estrelas-do-mar foram lançadas a uma praia deserta e iam secando e morrendo ao sol. Um garotinho ia caminhando, apanhando as estrelas uma a uma e as lançava de volta ao mar. Um velho pescador que assistia a cena disse ao garoto: - Menino, não percebe que o que você faz é inútil? São milhares de estrelas! Não faz diferença jogar uma de volta ao mar. O garoto se abaixou, pegou mais uma estrela e disse: - Pra essa aqui faz toda a diferença do mundo. E lançou-a de volta ao mar."

Um simples gesto faz toda a diferença. Seja uma estrela do mar, um cão, um gato, ou qualquer outro ser vivo, todos precisam de proteção e cuidados. Resgatar um ser do abandono total é dar-lhe uma nova oportunidade para viver melhor, para recomeçar a vida que não teve. Geralmente muito machucados, somem aos olhos apressados que não querem parar para ajudar. Poucos assumem tal responsabilidade. Protetores de animais estão em todas as partes tentando amenizar a dor e recuperar uma vida que se esvai muitas vezes jogada na rua, como se não fosse coisa alguma. Sofrem, choram, fazem o impossível para que possam ser a diferença em uma vida. Ou várias.
Tantas vezes parecem amar mais os animais do que a própria humanidade. Amam sim e isso não é segredo, nem vergonha. Muito pelo contrário: se orgulham disso! Possuem corações infinitos, onde guardam seus filhos de tantas espécies e cores. Não há distinção. Convivem com diferentes costumes e personalidades, idiomas variados e até reconhecem a linguagem dos olhos dos seres que não emitem som algum. Cada qual se expressando à sua maneira e todos são compreendidos. Mesmo as atitudes agressivas são vistas com olhos compreensivos e coração aberto para perdoar.
Tantas vezes pensamos que os resgatamos, quando são eles que nos resgatam de nossa própria solidão. Um animal não entra na vida de um humano sem motivo, aliás, eles escolhem seus donos e onde querem viver. Gostam de ensinar a simplicidade da vida e como pode ser divertido correr atrás de uma bola ou um pequeno papel. Precisam de carinho, companhia e cuidados, mas nos retribuem em dobro.
A vida de um humano nunca será tão boa enquanto não conhecer o amor de um “bichinho de estimação” e mesmo sabendo que estarão conosco por uma ou duas décadas, jamais seremos capazes de esquecer o pouco tempo em que estivemos com eles: a época em que um pequeno ser conseguia arrancar um sorriso nos dias mais tristes.

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