Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Matsuya - comendo um japonês



 O pessoal do meu departamento é festeiro, adora uma comemoração, Aniversário, despedida, férias, tudo merece um almoço especial. Hoje não foi diferente, toda a administração decidiu almoçar no japonês mais próximo da empresa, onde costumamos ir, para celebrar o aniversário de um colega. Dez pessoas divididas em dois carros, sedentas por shoyo, seguiram ao Matsuya Aclimação. Linda a reforma que fizeram, a decoração, tudo diferente desde a última vez que estive lá. Ocupamos três mesas seguidas para deliciar a maravilhosa culinária oriental e o objeto mais parecido com um cardápio que foi disponibilizado, era um displayzinho transparente posto em pé no canto da mesa com fotos dos pratos, algum texto e no final o preço do rodízio:
   Almoço R$ 27,90 por pessoa de segunda a sexta!
   Rodízio é rodízio, então vambora comer galera.
   Quero shimeji, yakisoba! E eu quero um salmão grelhado e uma coca.
   Quero tudo que tiver direito! Disse o outro. Eu pedi um rodízio vegetariano e um suco de laranja.
   Sim, vegetarianos podem comer em qualquer tipo de lugar, uma vez que os restaurantes sabem das diferenças alimentares de seus clientes.  Enquanto todos almoçavam eu esperava o que era meu por direito: tudo que tivesse cogumelo, fruta e verdura! Apareceu um prato de shimeji, que segundo informações fazia parte da entrada. Opa é comigo mesma! Todos devoravam seus sushis, sashimis, tamakis e afins que chegavam lentamente, mas chegavam. Finalmente,  depois de um tempo considerável, eis que surge o tão aguardado prato vegetariano: 5 sushis de morango, 5 de kiwi e 5 de algo parecido com repolho, 1 kiwi cortado e 4 pedaços de abacaxi. Onde estava a fartura de antigamente? E aquela barca de comida? Aquilo era a visão da miséria!
   Tudo que chegou às mesas foi praticamente implorado por quem já conhecia a variedade de pratos que podem ser servidos, mas nenhuma opção foi dada pelos atendentes.  Intrigante essa política de atendimento. Já eram quase três da tarde quando pedimos a conta, e para minha surpresa o valor cobrado pela fartura não carnívora piscava em fonte 24 na comanda: R$ 38,90.
   Não era possível, R$ 11,00 a mais para comer  fruta? Ah, palhaçada. Fui falar com o gerente. Me dirigi ao caixa e esperei que ele cobrasse todos da pequena fila formada. A pressa dele era tanta que não teve tempo para olhar em meus olhos quando falei que em lugar algum estava o valor aterrador que eu via em minha conta. Esse é o preço que cobramos por quem pede qualquer coisa diferente do que costumamos servir, não posso fazer nada. Ok, quero falar com o gerente. Ele não se encontra. Que bom! Mas eu me recuso a pagar esse valor, estou com mais  nove pessoas e é ridícula essa quantia pelo mal atendimento que tive. Não quer pagar não paga.
   Dessa maneira,  meu questionamento foi abolido. Eu queria pagar o que todos pagariam, mas que por algum motivo surreal alguém decidiu que era pouco.
   O sangue com shoyo subiu, e saí de perto daquele exemplo de bom atendimento, para me sentar  no sofá de espera enquanto os demais passavam seus cartões. Olhares estranhos, um clima pesado e pouco depois soube que uma atendente ria com outros clientes questionando o que um vegetariano fazia naquele lugar, cheia de preconceito estúpido discriminando um cliente. Que porcaria de lugar era aquele? Não como animais, só isso, eu não vim de Júpiter cacete!!!



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