Pablo Neruda

"Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe. A minha alma não se contenta com havê-la perdido. Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a. O meu coração procura-a, ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores. Nós dois, os de então, já não somos os mesmos. Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei. Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido. De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos. A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos. Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda. É tão curto o amor, tão longo o esquecimento. Porque em noites como esta tive-a em meus braços,a minha alma não se contenta por havê-la perdido. Embora seja a última dor que ela me causa,e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo." - Pablo Neruda

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012



Tudo bem, eu gosto de insetos. Não todos. Não gosto de pernilongos e são esses os maiores freqüentadores de casa.

Gosto de formigas, borboletas, joaninhas, vaga-lumes, abelhas, besouros, libélulas, moscas douradas e uns tantos mais.

Barata? Não tenho medo (desde que ela não apareça voando), tenho sim um nojinho se ela estiver muito próxima a mim. Ai as baratas...

Tanto não tenho medo que logo o meu primeiro livro infantil publicado se chama “Catarina e as baratinhas”. Foi baseado em uma história real e tem ilustrações! Baratas, muitas delas. São simpáticas, usam roupinhas e mais lembram fadinhas das profundezas da terra. Pensando bem, nem tanto.

E por falar nelas, acabo de me lembrar de dois episódios ocorridos em um curto espaço de tempo. Certa vez, estava assistindo uma mini série muito graciosa na TV e todos em casa dormiam, era quase madrugada. Bem compenetrada nas canções senti meu cabelo incomodar meu pescoço, mexi a cabeça e passou. Quinze segundos depois o cabelo incomodou novamente, achei estranho porque não havia vento. E porque raios meu cabelo estava voando no meu ombro? Olhei de relance e lá estavam duas antenas imensas quase cutucando minha orelha, que saiam de um corpo marrom que se equilibrava em perninhas peludas. Uma barata gigante! Dei-lhe um safanão para então gritar com toda a força de meus pulmões:

- AI QUE NOJO!

Quando me dei conta que minha boca estava aberta, tratei de protegê-la com as mãos para que nenhum ser batesse as asas goela adentro e esperneei. Esperneei muito, gritando com a mão na boca. Até minha mãe surgir empunhando uma vassourona para me salvar.

Na primavera seguinte, me arrumava para ir a uma festa. Blusa frente única novinha, calça preta, salto, e cabelo esticado até a cintura pela chapinha que hoje se chama prancha. Linda, maquiada e perfumada. Fui dar a última conferida traseira e notei uma nova tatuagem na omoplata (escápula, asinha ou, seja lá como você conheça aquele ossinho das costas). Mas nunca fiz uma tatoo ali! E novamente aquelas antenas gigantescas suplicavam por atenção. Se eu tivesse gravado os segundos seguintes, estaria hoje com minha cara publicada no Guinnes Book e logo abaixo: Garota que tira a roupa toda em milésimos de segundo. Dessa vez minha salvadora apareceu com um rodo e com o cabo cutucava meus cabelos porque eu tinha certeza que a dita cuja estava lá. Foi a noite do “aiquenojo”, mesmo após água, sabão, bucha e álcool .

Mas comecei esse assunto porque ontem um desses insetos esteve no pote de ração da minha gata. Enquanto minha irmã corria desesperada, fui observar a baratinha e tive uma visão muito...hum, como poderia dizer... diferente? Sim, diferente. A barata pegou com aquelas duas mini patas, que não são patas, que tem ao lado de sua boca (sim! Barata tem boca!) o maior grão de ração e se escondeu para a ceia. Voltei depois de uma hora para espantá-la e pude observá-la destacando seu bronzeado nos azulejos amarelos, ou como diria meu pai “nos amarelolejos”. Vi suas pernas cabeludas e uma bundona que a fazia andar devagar. A deixei caminhar até sumir por uma fenda no chão. Hoje, pesquisando mais a anatomia das baratas na internet, descobri que aquilo não era uma bunda e sim ovos. É, teremos filhotinhos, mas eu não poderia matar uma barata que roubou calmamente a ração da minha gata mais caçadora. Não mesmo!


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